terça-feira, 12 de agosto de 2008

Ecologia Interna, Ecologia Externa (vídeo: The Velvet Underground)

Suba esta árvore até o fim. Fui ver “A Árvore da Vida”, Palma de Ouro em Cannes. Mais ou menos aos 20 minutos de filme, um casal bem à minha frente levantou-se e saiu – não se deram o tempo ou a curiosidade de aguardar o final do começo, das lindas e plásticas cenas da Criação, segundo
Malick. Perderam... Criador e diretor, o mestre que não explica seus filmes tangencia com delicadeza o tempo que consumimos tão vorazes em nossa hora à hora, dando oportunidade para abrirmos os espaços internos tão ocupados.

Depois disso, clareira aberta, o filme começa, tecendo seu roteiro através do jogo feminino x masculino, onde cada um encontra o que veio buscar. Entre polaridades emocionais de mãe-submissa e pai-contido (em suas frustrações) se constrói uma família, com suas dores, com seus amores.

Bem, e o que isso tem a ver com ecologia?
Sou ciclista – até trabalho de bicicleta sempre que possível (e quase sempre é) – e corredora de praia no Rio de Janeiro. O movimento ritimado do corpo no exercício, a integração com a natureza tão exuberante que a orla do Rio de Janeiro oferece de presente, provocam uma verdadeira meditação. Sempre que vou assim em estado de graça pela areia fofa, ou pedalando forte pelas ciclovias que já são muitas, graças!, sinto uma vontade imensa de
‘acordar’ todos a minha volta pra beberem nesta fonte. Ela é inesgotável, brota farta das endorfinas de cada célula e nos leva a um estado natural de compartilhamento feliz.

É assim perfeito que nosso corpo foi criado, feito pra se movimentar, saltar, evoluir em acrobacias criativas. Nasceu ‘drogado’ por sua própria natureza, uma química perfeita que o leva ao êxtase em minutos, o que era sua perfeita rotina antes de nossas Revoluções Industrial, Tecnológica e da Informação. Todas imprimindo cada vez mais velocidade à vida, substituíram corpo por sofisticadas engrenagens, depois botões e agora leves toques que,
paradoxalmente, nos deixam cada vez mais escravos do próprio tempo, porque há que se seguir velozmente atrás de todas as informações e tecnologias disponíveis, há que se ter tempo de decodificá-las todas pra não ficar jurássicos, pra não perder o trem da História e pagar o mico de estar por fora da mais nova onda... Então, o espaço-tempo subtraído ao corpo é comprado fora, na ilusão de frascos, goles, pós, comprimidos, fumaça ou pedra, num preço tão alto quanto a distância que nos separa de
nossa própria pele. E assim corremos atrás dos próprios rabos, cada vez mais distantes da perfeita química, que não foi criada só para acessar botões na divina comédia da inércia, mas sim fazer parte da dinâmica da ação que dispara os ciclos naturais. A nosso favor! Pensava nisso durante minha corrida esses dias e me veio a cena do casal levantando no cinema, impaciente com as lentas imagens iniciais de Malick. Era preciso desacelerar pra deixá-las vir, para fluir com elas... Nós, que queremos tanto agora consertar o mundo, tapar o ralo por onde se escoa o nosso tempo – o tempo da Terra dilapidada, dos polos derretendo nossa omissão, do equilíbrio perdido do meio ambiente –, paramos nós para nos perguntar,
sinceramente, como estamos com nossa ecologia interna? Como estamos tratando nossos corpos? Como estão nossas relações com os outros corpos de nossos próximos? Damos espaço à expressão de nossas emoções? Há tempo para que sejam encaminhadas em direção ao outro? Deixamos o caminho livre para que este outro nos alcance através das suas?
No meu entender, é disso tudo que trata “A Árvore da Vida”. O personagem principal nos conduz através de suas digressões às dores do passado, levado pela dor maior da perda do presente. Garoto crescido, vai buscar fundo em sua alma o feminino tão submisso e frágil(aparentemente) da sua infância materna; por isso mesmo, quase sempre desprezado. Mas é ele que surge agora, libertador liberando todos, mortos ou vivos, naquela egrégora familiar. O leve sorriso na cena última, rosto distensionado finalmente pela primeira vez no filme todo, o rápido olhar acolhedor ao grande prédio de arquitetura até ali opressiva ao extremo – seu trabalho – mostram, ao olhar atento, que o masculino também se abriu em flor. O criador, não sei se consciente ou inconscientemente – e isso não importa, em absoluto –,
traz para este final de sua obra-prima uma bela conspiração: a ordem do amor é a própria ordem do Universo. E ela começa dentro, com nosso autoamor; só podemos dar ao outro, amigo, amante, filho, pai, bicho de estimação ou em extinção, à árvore, ao polo ou à floresta inteira, aquilo que sentimos por nós mesmos. Assim começa a ecologia fora: aqui dentro, na
nossa própria casa arrumada... amada.

Voltando ao filme, a quem resolver subir esta árvore, duas coisas: por favor, deixe a pressa fora dessa ao cruzar a sala escura, e abra espaço ao resgate da inocência. Afinal, quando um filme como este leva a Palma de Ouro em Cannes no mesmo ano em que “O Discurso do Rei” leva o Oscar em Hollywood, há esperança, sim, para a nossa humanidade. E ainda tem “Melancolia”... vale ir ver! Depois a gente conversa.

Magda von Brixen é jornalista, produtora cultural e trabalhou na exposição ‘Zeróis, de Ziraldo’





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respira fundo!

AMOR NÃO É SENTIMENTO

Data estelar: Sol e Vênus em trígono com Netuno; Lua que cresce em Libra será Vazia, das 6h16 às 17h54, horário de Brasília.

Enquanto isso, aqui na Terra, se cada ser humano dedicasse alguns minutos todo dia para tirar o amor da prateleira teórica, aplicando-o de forma prática nos relacionamentos, trabalhos e tarefas cotidianas, a evolução se processaria com velocidade vertiginosa, e o tamanho das desgraças e convulsões diminuiria drasticamente.

O que é praticar amor?

Distribuir energia, que é o contrário de tudo que nossa civilização predatória ensina.

Distribuir energia significa você irradiar influência em vez de recebê-la, prestar serviço ao invés de exigir ajuda, oferecer boas vibrações no lugar de se afetar com as péssimas que circulam por aí, acolher as diferenças em substituição a destacá-las.

Amar não é sentimento, amar é pura ação efetiva que tende à integração.

Quiroga
www.astrologiareal.com.br

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