Flutuar pela vida – essa é outra maneira de expressar o que estamos aprendendo; e isso não poderia ser mais simples. Se relaxarmos e permanecermos parados sobre a água, nós flutuaremos. É comum ouvir as pessoas dizendo, com tristeza, que não conseguem nadar. Elas estão tentando correr antes que possam andar, ou nadar antes que possam começar a flutuar.
Não conheço outra experiência mais agradável do que flutuar, deitado de costas, sendo levado pela corrente. Embora tenha havido um tempo em que eu participava do campeonato mundial de preocupação, descobri que é praticamente impossível participar desse campeonato quando estou deitado de costas flutuando. Levei muitos anos p/ conseguir flutuar na vida diária, aceitar-me como eu sou, flutuar e desfrutar dos frutos da serenidade.
Flutuar pela vida pode lhe parecer um sonho impossível neste momento, mas é cada vez maior o número de pessoas que estão tomando consciência desse sonho impossível, mesmo quando se vêem envolvidas na mais estressante das atividades. Lembro-me bem de ouvir o marido e técnico de Joyce Smith, a primeira vencedora da maratona feminina de Londres, gritando, à medida que ela mais se distanciava na liderança: “Flutue, Joyce, flutue!” Ele sabia o que estava dizendo.
Hoje, num programa de televisão, ouvi a Sra. Kelly Holmes dizer que conseguiu correr mais rápido quando percebeu que já havia ganhado sua segunda medalha de ouro olímpica; a partir daí, automaticamente, ela conseguiu relaxar. Isso aconteceu metros antes dela alcançar a linha de chegada! A vida está por aí, como uma sábia professora, se você estiver pronto a ouvi-la.
Normalmente, não conseguiremos ouvir e relaxar até que tenhamos trabalhado duro a ponto de ser levados a desistir diante de um esforço extenuante. Lutaremos e nos esforçaremos até que estejamos finalmente prontos para ler o nosso desapontamento final com nós mesmos. Desanimados diante do fracasso – ou da falta de satisfação até mesmo com nosso sucesso – estamos prontos a ouvir a sabedoria do tempo que esteve sempre trancada dentro de nós: relaxe, aceite, você está perfeitamente bem como está. Todos nós podemos ser vencedores na corrida da vida se aprendermos a suave arte de flutuar.
Mais uma vez, vamos reservar este momento p/ fazer uma pausa e dar início à nossa experiência de flutuação. Se quiser fazer isso, você precisa deitar no chão ou na sua cama, ou sentar-se ereto em uma cadeira, com uma boa postura, sem rigidez. Deixe, agora, que seus ombros caiam, e relaxe inspirando profundamente. Tome consciência de sua respiração novamente.
Se ajudar, você pode dizer bem baixinho, no ritmo de sua respiração: “A vida é assim... a vida é assim...” Permaneça nesse estado, relaxado e flutuando, pelo tempo que você se sentir bem. Não tente esvaziar sua mente. Se pensamentos perturbadores começarem a distraí-lo, não se envolva com eles, mas simplesmente os observe. Deixe que os pensamentos indesejáveis venham. Eles podem ser como pequenas nuvens fofas passando pelo céu. Veja-os virem e irem.
Alguém disse que esses pensamentos são como um desfile, de modo que ele pode simplesmente assistir à sua passagem e sorrir. Não é preciso seguir a banda marchando. É assim que a vida pode ser quando estamos flutuando sem fazer esforço. É um pequeno sabor do céu que aumenta à medida que praticamos a arte de estar presente no aqui e no agora – observando, observando.
Não somos ambiciosos; aceitamos qualquer progresso que façamos, seja ele rápido ou vagaroso. Tentar flutuar faz com que afundemos. Não estamos tentando; estamos apenas serenos, conscientes de nosso corpo, de nossos braços e de nossas pernas.
Sentimo-nos pesados, mas, ainda assim, flutuamos. Não fazemos nenhum julgamento. Este momento é o que é, exatamente como é. Aqui, estamos bastante conscientes; vigilantes, mas relaxados.
Não devemos sair correndo da nossa experiência com a flutuação. Levaremos um pouco da paz conosco quando nos envolvermos novamente com as nossas tarefas diárias.
Se possível, continuaremos conscientes das coisas que estivermos realizando, até mesmo das atividades muito corriqueiras, como subir e descer escadas ou lavar as mãos. Estamos calmamente recuperando cada momento, e permanecemos conscientemente vivos.
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