Não ter no sangue o arrojo... e me calar...
Acovardar-me às injustiças que poluem o ar, desencantando a vida, desativando o verbo amar.

Mas me ficou de herança esse impulso que aflora de rebelar, ter esperança, a toda hora... Agora!
Reativando o brado que um dia foi bradado e no entanto jaz em terra que ainda chora.
Grito incontido, potente qual alarido, lamúria triste de um povo sofrido...
Sem encontrar um eco e nada transformar...
E a lei do mais forte é a que se faz vingar...
Lágrima furtiva que rola condoída como a pedir desculpa à pátria tão querida, que em berço esplêndido privou de se deitar...
Tão linda e altaneira... injuriada e ultrajada, onde o cantar do sabiá é um pátrio lamento e as verdes palmeiras se curvam à voz do vento...
O que fazer senão extravasar o peito e arrancar palavras que livres circulem (já que o livre-arbítrio é poder aceito...) em versos e poemas, mágoas que se difundem bradando a honestidade em gesto varonil, país de liberdade de um povo servil!
Palavras...
Conheça-me...
Não pelas palavras que falo, às vezes, simplesmente por falar...
Mas por aquelas que registro, vindas do mais profundo calar!
Entenda-me...
Não pelas palavras sonoras que num ímpeto impensado, pesam no ar... deixam o clima pesado...
Mas pelas vezes que grito num desabafo incontido o que meu âmago quer externar...
(e escrevo em qualquer lugar...)
Escuta-me...
Não por fonemas desconexos que soam sem ênfase, sem nexo, não condizentes com meu expressar...
Mas pelos lampejos da alma, transcritos em forma de símbolos que dizem mais que o próprio falar...
E se um dia, minh'alma não puder registrar... leia o que descreve meu olhar!
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