
Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte,
Sou a crucificada... a dolorida...
Sombra de névoa tênue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte.
Alma de luto sempre incompreendida.
Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber porquê...
Sou talvez a visão que alguém sonhou.
Alguém que veio ao mundo pra me ver,
E que nunca na vida me encontrou.
Sobre o autor: Florbela Espanca
Nascida em Portugal, filha de Antônia da Conceição Lobo, empregada de João Maria Espanca, que não a reconheceu como filha. Porém com a morte de Antónia em 1908, João e sua mulher Maria Espanca criaram a menina. O pai só reconheceria a paternidade muitos anos após a morte de Florbela. Tentou o suicídio por duas vezes em outubro e novembro de 1930, às vésperas da publicação de sua obra-prima, Charneca em Flor. Após o diagnóstico de um edema pulmonar, suicida-se no dia do seu aniversário, 8 de Dezembro de 1930, utilizando uma dose elevada de veronal. Charneca em Flor viria a ser publicado em Janeiro de 1931. Precursora do movimento feminista em Portugal, teve uma vida tumultuada, inquieta, transformando seus sofrimentos íntimos em poesia da mais alta qualidade, carregada de erotização e feminilidade.
A Flor do Sonho
O meu impossível
Lágrimas Ocultas
Voz que se cala
O Maior Bem
As minhas ilusões
Quem Sabe
Inconstância; Os versos que te fiz
Amar - Se tu viesses ver-me
O Meu Desejo
Tortura, A minha dor, Loucura, A Morte
Amiga
Desejos Vãos
Amor Que Morre
A Vida
Versos de Orgulho
Frieza
De Joelhos
Anoitecer
Charneca em Flor
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